Toda jornada nova se inicia com um fechamento. No meu caso, o início da minha aventura pela Ásia marca o fim de um ciclo de três anos morando nos Estados Unidos, mais exatamente em Boston, de onde sentirei muitas saudades.
Acho simbólico que para chegar à Ásia eu tive que atravessar os EUA de leste a oeste; como se eu só pudesse me despedir depois de apreciar a fascinante geografia norte-americana pela janelinha do avião.
Ainda mais simbólico dizer o primeiro “oi” e ao mesmo tempo “tchau” para o Oceano Pacífico do lado das Américas e assistir a um último pôr-do-sol antes de voltar para o aeroporto de Los Angeles. O sol se pondo é, para mim, a expressão perfeita de impermanência. O sol é sempre o mesmo, mas cada pôr-do-sol é diferente, as cores e formas nunca se repetem. O meu último pôr-do-sol americano ficará na minha lista de favoritos, até que eu possa voltar para esse país que me surpreendeu positivamente e ganhou minha admiração e carinho; onde eu me senti em casa pelos últimos três anos e onde eu aprendi tanto sobre mim mesma.
Quando os planos mudam e as coisas não acontecem conforme gostaríamos, cada pessoa reage de uma forma. A minha parece caótica para quem está ao meu redor, incapacitado de adentrar à minha cabeça e acompanhar os zilhões de pensamentos que tomam conta dela. Mas eu gosto de pensar que minha reação não é caótica, e sim caórdica (caos + ordem, ou ordem no caos). Quando as coisas não seguem conforme planejado minha primeira reação é pânico. Depois do susto inicial, eu ativo minhas ferramentas de sobrevivência psicológica e começo a fazer uma lista com centenas de possibilidades, desenho cenários, exploro opções e sempre, sempre, tenho um plano B. Na maior parte do tempo eu faço tudo isso em voz alta – o que faz com que quem está ao meu redor pense que meu modus operandi seja o caos, quando na verdade eu estou apenas exercitando minhas habilidades de organização mental 🙂 . Quando eu decidi abraçar a incerteza e me abrir para o inesperado, eu já estava trabalhando num plano B. Agora, esse plano virou plano A: explorar o sudeste asiático!
Por que o sudeste asiático? Principalmente porque eu não sabia quanto dinheiro eu seria capaz de juntar durante um ano. Minha outra opção seria voltar para meu país natal, mas meu coração e intuição me empurravam para o lado oposto. Depois de pesquisar um pouco não foi difícil concluir que o sudeste asiático seria umas das regiões mais baratas para viajar e explorar. Essa foi, portanto, a razão número um.
A segunda razão tem a ver com o fato de que eu sou extremamente sortuda e abençoada (e por isso sempre grata!) em ter amigos espalhados por esse mundão. Alguns desses queridos estão na Tailândia, em Myanmar, Bangladesh e Índia. Comecei então a procurar voos para esses destinos. O preço da passagem dos EUA para a Tailândia foi imbatível (USD 520).
A outra razão para escolher tal destino é porque eu sou apaixonada pelo mundo e pelas diferenças – sobretudo culturais – que existem de uma região a outra. Até agora, meu conhecimento do mundo é praticamente restrito às Américas e à Europa. As línguas que eu falo são línguas clássicas do ocidente. Além das diferenças, eu também estou ansiosa para descobrir similaridades entre o sudeste asiático e a América Latina.
Eu estou animada com essa jornada que se inicia. Uma aventura que jamais seria possível se não fosse por planos que mudaram, pela decisão de aceitar que a vida é feita de incertezas e por ter me permitido viver as experiências que vivi durante a jornada que se encerrou com o pôr-do-sol na Califórnia em 26 de setembro de 2016. Onde isso tudo vai me levar? Boa pergunta!
Vamos descobrir juntos.
*
Curiosidades sobre minhas poucas horas na China – em solo ou no avião:
- Nenhum website ligado ao Google funciona. Obrigada Air China por me avisar que não mandaria minha passagem para meu endereço do Gmail!
- Fidel não morreu. Jornal da manhã mostra reportagem de cerca de 7 minutos sobre viagem de delegação Chinesa a Cuba. Fotos foram tiradas. Várias mostrando Fidel, inclusive com close-ups.
- A bordo da Air China as opções para janta são rice ou noodle? Para almoço só pork rice ou duck rice. Gotta love rice ❤
- Capacete de segurança do limpadores de janela é trançado! ❤ ❤
[Escrito em 28 de setembro de 2016, no aeroporto de Pequim.]
Que delícia Rita! Vou acompanhando por aqui pois seus relatos são sempre incríveis, quase fomos parar aí nesse mês (as passagens estavam realmente imbatíveis, rsrs), escreva bastante (para suas memórias e para nosso deleite!) beijocas, Jô
LikeLike
Venha Jo! Estarei por esses lados por pelo menos uns 4 meses. É só avisar!
LikeLike